quarta-feira, 28 de novembro de 2007

*Comentário sobre o livro Minha razão de viver - Memórias de um repóter*

°Minha razão de viver - O cara°
Minha razão de viver é minha razão de admirar ainda mais o jornalismo. Eu simplesmente me apaixonei pelo livro e pela figura que foi Samuel Wainer. Ele representa tudo que um jornalista deve e também não deve ser. Ele se expõe, se mostra “nu”, inteiro nessas memórias. Uma pessoa realmente admirável.
Você começa a ler o livro e de repente simplesmente não sente vontade de parar mais. As histórias que são narradas, os acontecimentos políticos, as desavenças entre Samuel, Chatô e Lacerda, tudo é realmente de prender a atenção, de fazer o leitor tomar partido de um dos lados, rir, ficar irritado com os que queriam derrubar Wainer, ficar feliz quando ele se dá bem.
Envolvente. É essa a palavra que designa esse livro. Satisfação. É essa a sensação quando você acaba a leitura.
Os fatos vão sendo contados e com o tempo vai parecendo que ele, o Wainer, é um conhecido seu, ou até mesmo um íntimo. Chega num ponto em que você – ou será que fui só eu?- começa a se preocupar com o que estar por ser lido, que você começa a tomar nojo do Lacerda, grande inimigo dele que foi também amigo de adolescência.
Samuel era o tipo de jornalista que não tinha como primazia juntar fortunas com a profissão, mas fazer dela sua vida, seu grande alicerce. E teve na Última Hora a sua razão de viver.
A Última Hora foi um jornal que ele, grande amigo de Vargas, criou com o incentivo do mesmo para apóia-lo e defender seu governo. Samuel foi um homem que andou lado a lado com os grandes nomes do poder. Não apenas Vargas foi seu amigo íntimo, mas também teve estreitos laços com Juscelino e João Goulart. Mas o pai dos pobres foi sem dúvida seu grande admirado, a figura que ele defendeu e muitas vezes colocou em primeira pessoa, esquecendo da sua.
Família, amigos, tudo isso teve importância na vida de Wainer, apesar de se declarar incapaz de palavras de amor com os que lhe queriam bem. Mas o combustível, aquilo que o fez agir muitas vezes contra seus próprios princípios, o que foi o grande responsável pelas perseguições que sofreu, sua grandes derrotas e vitórias, foi a Última Hora. Ele conta nessas memórias que seus filhos despertavam nele os mais sinceros sentimentos, que o tornavam um homem mais frágil, sensível, mas o jornal que passou a ser parte indispensável da sua vida foi também para ele um filho.
É admirável o modo como ele tentava defender aquilo que representava sua razão de vida, como ele muitas vezes foi enganado, ludibriado, simplesmente por inocentemente pensar enxergar soluções que já não existiam para o jornal.
Wainer dedicou grande fôlego de sua vida ao Última Hora, mas participou também de outros, como os Diários Associados, de Chatô. Ele esteve presente em acontecimentos mundiais importantíssimos, como o Julgamento de Nuremberg. Ele era ousado. Ele era sonhador. Ele era um jornalista. Um grande jornalista. Queria eu ter tido a chance de pelo menos viver na mesma época que esse grande homem, que apesar de eu conhecer pouco, já tenho grande admiração. Samuel Wainer foi o cara!
'Luciane Almeida de Jesus'

Nenhum comentário: